Como funciona
Para explicar melhor, precisamos voltar um pouco no tempo e dizer que tratando-se de telecomunicações, o compartilhamento de ativos não é algo novo. Torres de telefonia, antenas e equipamentos de rádio são exemplos de bens físicos já comumente compartilhados entre as operadoras móveis, sendo este um modelo é amplamente adotado no Brasil. Por ser uma indústria de CAPEX intensivo, exigindo grandes investimentos para operar o serviço e acarretando num payback longo, o compartilhamento de ativos se torna uma opção de benefício mútuo. Compartilhar, neste sentido, significa redução de custos e expansão eficiente de cobertura para as companhias que competem num país de grandeza territorial expressiva, onde ter capilaridade para atingir mercados de cidades distantes entre si se torna um desafio econômico.
Por razões análogas, considerando o binômio CAPEX e distância, tem-se o movimento do compartilhamento de ativos no mercado de banda larga fixa no país como tendência crescente. Algumas operadoras já se desvincularam de sua infraestrutura proprietária de rede de fibra ótica, criando empresas apartadas, os operadores neutros, e tornando sua rede utilizável por qualquer empresa provedora de internet que almeje oferecer seus serviços na geografia onde a rede está instalada.
Mais especificamente, o conceito de rede neutra pode significar o compartilhamento de todos os equipamentos de transmissão e distribuição dos dados de internet, da fonte até a casa do usuário. Além de toda a infraestrutura precedente de conexão da rede nacional com os cabos submarinos, a zona de atuação do operador neutro pode se estender até a conexão do modem do cliente ao terminal instalado no poste de sua rua.
Neste contexto dinâmico, os players precisam buscar estratégias para aumentar sua eficiência operacional e financeira para se adaptarem às exigências do mercado, expandirem sua cobertura e oferecerem um serviço de internet fixa de qualidade a preço competitivo.
Grandes operadoras brasileiras como Oi, Vivo e TIM promoveram o spin off de sua infraestrutura de banda larga fixa, dando origem a empresas apartadas de rede neutra, as chamadas InfraCos (Infrastructure Company), que passaram a ser responsáveis por gerir e manter estes ativos. Ao adotar esta separação estrutural, as empresas passam a operar num modelo asset light e passam a ser denominadas ClientCo (Client company) focando exclusivamente na oferta de produtos e serviços e na experiência do cliente.
Na Itália, a Open Fiber é uma empresa agnóstica que leva infraestrutura óptica para centenas de cidades e atende mais de 150 diferentes provedores de internet. Nem todos estão disponíveis em qualquer município, mas cada empresa tem diferentes planos, valores e qualidade de acesso. A fibra atualmente suporta velocidades de até 1 Gb/s para o consumidor final.
Outro exemplo interessante é a Utopia Fiber, que atua nos Estados Unidos em localidades selecionadas do estado de Utah. A empresa cobra mensalidade de 30 dólares do cliente de banda larga que quer utilizar a rede. O acesso à internet é cobrado separadamente pelo próprio provedor. Cada operadora tem seu próprio preço, qualidade de acesso e serviços adicionais, que oferecem velocidades de 250 Mb/s até 10 Gb/s.